11 de mai. de 2009

Emanuel Medeiros Vieira e
a anistia de agosto de 1979


ANISTIA:
Dessa luta, Urda, podes, acreditar, participei intensamente.

Talvez tenha sido o combate maior da minha vida.

Com o Luiz Travassos, no exílio em Berlim, vindo para a terra (com medo de ser preso novamente, sua mulher (parecia um filme), na estação de trem, num inverno de 10 graus abaixo de zero, abraçou-me e apelou: "Emanuel, luta pela Anistia."

Lutei.
Lutei sem parar, todos os dias, formando comitês em Florianópolis, fazendo jornais, textos, publicações em máquina de escrever, em mimeógrafo, usando o gogó diariamente, de manhã à noite, sem parar, redigindo discursos para deputados na Assembléia catarineta, indo para o interior, levando mais a palavra que roupas, aproveitando todos os espaços, como grêmios estudantis, rádios, casas de família e igrejas.
Quero lembrar de combatentes em favor da anistia que não estão mais aqui: André Forster, Miguel Bódea, Roberto Motta, Adolfo Luiz Dias, Marcos Cardoso Filho, Cirineu Cardoso, Jarbas Bedenet.
Cito os que conheci.
Esqueço de alguns nomes: mas estarão sempre nos nossos corações.
(Fui perseguido e processado pelo donos do poder. Mas isso não tem importância.)
Sem onipotência, posso dizer à amiga; não me abati, não me apequenei, não desisti.

30 anos já?
São tais combates que legitimam uma vida.
São os bons combates.
São as lutas que nos dignificam.
(Não as pompas, as glórias, os prêmios, as prebendas, a beleza, a vaidade.)
Emanuel*

*Por isso, relembro sempre as palavras de Galeano: "Somos o que fazemos, sobretudo o que fazemos para mudar o que somos."

Ilustração: Gallo Sépia

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