13 de jan. de 2009

O que vamos encontrar pela frente

(se tivermos sorte)

Por Amílcar Neves (*)


Se tivermos sorte, vamos encontrar pela frente apenas uma Batalha do Pacaembu a cada rodada da Série A do Campeonato Brasileiro de Futebol de 2009: uma batalha, nada mais do que isso. Tenho sob os olhos a fotografia do craque Marquinhos, imobilizado por adversários, sendo esmurrado, no meio do campo, durante a partida, pelo camisa 9 alvinegro.

Escrevo na tarde chuvosa, intensamente chuvosa, deste domingo, 23 de novembro, e vos declaro, humildemente, que escrevo sob o inegável impacto, ainda muito recente, do jogo de sábado à tarde (ontem para mim, agora), na capital paulista. Estava programado: seria uma partida festiva, para entrega de medalhas e taça de campeão ao Corinthians - um título, de resto, mais do que merecido. Estava decidido: os donos da casa fariam uma exibição de gala na despedida do time frente à sua imensa torcida (32 mil torcedores que pulavam nas arquibancadas como estivadores famintos por trabalho, quase truculentos; isto dava uma medida do que estava por vir). Estava sonhado: um jogo fácil, decerto com goleada, contra um pequeno leão assustado e amedrontado no meio de uma arena vociferante.

Não conheciam o Leão, a garra e a força da camisa azul e branca. O Avaí não foi lá para brincar. E as jogadas duras, ríspidas, se sucediam: quando fizemos a quinta falta, eles já haviam cometido 11 infrações. Fora impedimentos nossos indevidamente marcados, informa a imprensa de Brasília que houve gols avaianos anulados e gol corintiano duvidoso. A televisão esqueceu de comentar esses "pequenos detalhes da partida". A imprensa paulista foi tendenciosa (para não chamar de bairrista) e a carioca praticamente ignorou o jogo.

Esse será o clima no ano que vem. Por isso, a Série A é um objetivo que se esgota assim que alcançado. É preciso manter-se na elite do futebol brasileiro, o que significa, como time grande, impor respeito e trabalhar por conquistas seguidas, incluindo o título da competição.

Para isso subiu o Avaí, legítimo e único representante catarinense na Série A, com vaga brilhantemente conquistada dentro de campo com três rodadas de antecedência. Com sorte, vamos encontrar pela frente apenas outras tantas batalhas como a do Pacaembu no sábado, dia 22.

(*) Amilcar Neves é avaiano, escritor e autor, entre outros,
do livro Da Importância de Criar Mancuspias, crônicas.

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